Histórico

A Dhesarme começou como “Campanha Brasileira contra Minas Terrestres”, fundada em 1996 pelos ativistas pela paz Padre Marcelo Rezende Guimarães (1959-2015) e Pastor Ricardo Wangen (1924-2006), com apoio de diferentes ONGs brasileiras, como “Em Busca da Paz”, “Serpaz” e Anistia Internacional. A então Campanha foi desde seu início reconhecida como membro da Campanha Internacional pela Erradicação de Minas Terrestres (ICBL da sigla em inglês), laureada com Nobel da Paz de 1997.

Entre 1996 e 2007, a trajetória da Campanha focou-se na temática de minas terrestres e foi caracterizada pela persistência no ativismo pela conscientização da sociedade civil, universalização e implementação do Tratado de Erradicação das Minas Terrestres (assinado em 1997 e em vigor em 1999). As atividades realizadas abrangeram pressão pela ratificação do Tratado pelo Brasil, pela implementação, redução do número de minas retidas para treinamento, ampliação da assistência às vítimas, pesquisa em colaboração para o Monitor de Minas Terrestres (hoje Monitor de Minas Terrestres e Munições Cluster), a participação nos foros diplomáticos internacionais, incluindo atuação em relação aos países de língua portuguesa e da América Latina. Nesse curso, a Campanha foi membro do Comitê de Coordenação da ICBL entre 2003-2005.

Entretanto, o avanço na erradicação das minas terrestres passou a evidenciar outras temáticas relevantes a serem enfrentadas, como a erradicação das munições cluster. Assim, em 2007 a Campanha agregou a seu nome “e Munições Cluster”, tornando-se “Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster” e atuando desde a primeira reunião de negociação e em todo itinerário até a adoção do Tratado sobre Erradicação de Munições Cluster (assinado em 2008 e em vigor em 2010).

A partir de então, as pautas foram ampliando-se e os ativistas compreendendo que necessariamente precisariam assumir novas temáticas, como estava também ocorrendo internacionalmente com os ativistas em prol do desarmamento e controle de armas, sob o guarda-chuva do “desarmamento humanitário”, relacionadas como universalização do tratado sobre comércio de armas, abolição das armas nucleares e proibição das armas plenamente autônomas.

Assim, em Junho de 2015 a Campanha assumiu nova identidade, para se tornar “Dhesarme – Ação Brasileira pelo Desarmamento Humanitário.” Durante toda sua história, a Dhesarme teve uma dimensão importante na educação para a paz, incluindo oficinas em eventos como Fórum Social Mundial de 2001-2003 e envio de jovens brasileiros para participar de programas de formação de ativistas pela erradicação das minas terrestres como no Chile em 2002, Bangcoc em 2003, Ottawa e Nairobi em 2004, Amã em 2007 e Cartagena em 2009. Esse processo teve um aporte com público universitário, incluindo com destaque UNISC, UNIFRA, UFPel e UNILA – atualmente, de 2014 em diante, por meio do projeto de extensão “Desarmamento Humanitário: abordagem política”.